Há 42 anos atrás o Regime Militar foi instaurado no Brasil pelo golpe de Estado de 31 de março de 1964. Estende-se até o final do processo de abertura política, em 1985. É marcado por autoritarismo, supressão dos direitos constitucionais, perseguição policial e militar, prisão e tortura dos opositores e pela censura prévia aos meios de comunicação.
Durante 20 anos o Brasil foi um país de direitas e esquerdas, de guerrilhas urbanas e atos institucionais, de torturadores e torturados, de escuridão e esperança. O cinema retratou em vários filmes, direta ou indiretamente, em curtas, médias e longas-metragens, esse período de chumbo da nossa história. Há filmes corajosos como "Pra frente, Brasil", de Roberto Farias, realizado em 1981, ainda em pleno governo Figueiredo. Há filmes em que esperávamos um pouco mais, como "O que é isso, companheiro?", dirigido por Bruno Barreto, de 1997. Há filmes que nos lavam a alma, como "Cabra cega", de Toni Venturi, rodado em 2004. A produção nacional vem abordando o tema por vários ângulos, mas com a mesma finalidade: mostrar os horrores causados pela ditadura. Numa visita à página www.fundacaoastrojildo.org.br é possível encontrar a lista de todos os filmes brasileiros que tratam da política em nosso país, um trabalho criterioso da pesquisadora Berê Bahia.
A foto acima é de uma das cenas mais emocionantes do filme "Cabra cega". Ao som de "Eu quero é botar o meu bloco na rua", do injustamente pouco lembrado compositor e cantor Sérgio Sampaio (1947-1994) o militante Tiago, interpretado por Leonardo Medeiros, sobe ao teto do prédio onde estava escondido, e respira um pouco de liberdade nas alturas. O filme, segundo o seu diretor, "trata-se da história dos derrotados e, portanto, é uma outra leitura que se contrapõe à história oficial, que prefere apagar o período de nossa memória em vez de refletir sobre ele". Mas o cinema, a literatura, a música, a arte por todos lados, está aí para nos lembrar a verdade, e nos deixar atentos e fortes.
Um comentário:
essa cena é realmente umas das bonitas do filme, dá até um certo alívio depois que o cara fica confinado naquele ap minúsculo, mas não deixa de ser uma metáfora, afinal ele não vive naquele momento a liberdade plena que o país precisava. Um dos melhores filmes brasileiros que já vi. o trabalho do ator é maravilhoso. e gostei também das músicas.
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