domingo, 26 de março de 2006

Margaretthe Von Trotta


"Eu não faço filmes sobre a guerra. Sou contra espetacularizá-la. Faço, sim, filmes sobre as pessoas que viveram a Guerra e o que fica dentro delas, suas memórias e sentimentos que irão influenciá-las em seus atos. Dizem que o assunto se esgotou, mas quem o fez foram os americanos, os italianos, eles fizeram muitos filmes de guerra e talvez para eles o assunto precise ser esquecido. Mas, na Alemanha, contam-se em duas mãos os verdadeiros filmes sobre a Segunda Guerra, então ainda há muito o que se falar. Faz apenas 60 anos que a guerra acabou, é muito cedo. Jesus Cristo morreu há 2000 anos e ainda se filma a sua história! Não que eu esteja comparando, são duas coisas bem diferentes. O que eu digo é que ainda há nazistas da guerra que não foram presos, estão soltos sem punição, vivos. Eu sou a primeira de uma segunda geração alemã que começou agora a tematizar a guerra, depois de mim outros perceberam que era necessário que os alemães começassem a dizer algo. Já era hora. Hoje já há filmes como 'A Queda' e 'Uma mulher contra Hitler' e tem que haver muito mais, pois para os alemães esse assunto nunca irá se esgotar, é algo que está impregnado eternamente em nós".

Trecho da entrevista com a cineasta Margaretthe Von Trotta na página http://www.cinequanon.art.br/principal.php. A diretora do clássico "Os anos de chumbo" (Die bleieme zeit), 1981, esteve no começo deste mês em São Paulo, apresentando alguns de seus filmes dentro de uma programação sobre o Dia de Mulher no Centro Cultural Banco do Brasil.
Margaretthe, que também é atriz, trabalhou em vários filmes de Rainer Werner Fassbinder e Volker Schlöndorf, com quem foi casada, e co-dirigiu seu longa de estréia, "A honra perdida de uma mulher" (Die verlone ehre der Katharina Blum), em 1975.

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