Somente agora foi noticiada a morte do cineasta americano Richard Fleischer, no sábado, 25, de causas naturais. Ele faria 90 anos em dezembro próximo. Era o chamado "diretor artesão", sem uma carreira regular. Numa vasta filmografia de mais de sessenta títulos, o mais conhecido é "20 mil léguas submarinas" (20.000 leagues under the sea), de 1954, baseado no clássico de Julio Verne, produzido pelos Estúdios Walt Disney. E é realmente um filme interessante. Os limitados efeitos especiais da época não comprometiam a narrativa, muito pelo contrário, eram trucagens que impressionavam. E tem a atuação perfeita de James Mason, vivendo o Capitão Nemo, com sua personalidade forte e seguro nas suas convicções da vida no fundo do mar, comandando o fantástico submarino Nautilus. É a melhor adaptação da literatura de Verne para o cinema. O curioso nessa produção é que inicialmente os estúdios pensavam em realizar uma animação, e ao mudarem de idéia convidaram justamente o filho do rival de Disney, o animador Max Fleischer (1889-1972), criador de Betty Boop e de Popeye.
Alguns outros filmes destacáveis desse típico diretor do cinema industrial americano, sempre a serviço dos grandes estúdios: "Estranha compulsão" (Compulsion), de 1959, "Viagem fantástica" (Fantastic voyage), de 1966, a primeira adaptação cinematográfica do trabalho de Isaac Asimov, e o seu melhor filme, "Terror cego" (Blind terror), rodado em 1971. É um clássico no gênero. Mia Farrow interpreta com maestria uma moça que fica cega ao cair do cavalo e passa a viver com seus parentes no campo, onde enfrenta o assassino que massacrou todos os moradores da casa. O trabalho da atriz e a condução do diretor colocam o espectador no lugar da personagem, sem pausa, sem descanso, até o momento de alívio final.
E para cada um desses exemplares, Fleischer cometeu inúmeras bobagens: "Mandingo" (Mandingo), 1975, "Ashanti" (Ashanti), 1978, "Amityville 3-D" (Amityville 3-D), 1983, "Conan, o destruidor" (Conan, the destroyer), 1984, "Guerreiros de fogo" (Red sonja), 1985... Mas o pior mesmo, é o equivocadíssimo "Causa perdida" (Che!), produzido em 1969, com Omar Sharif no papel de Guevara e Jack Palance tentanto convencer que é Fidel Castro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário