sexta-feira, 17 de março de 2006

Almodóvar em estado de graça

Pedro Almodóvar. Foto Variety Staff

"Após o inferno de 'Má educação', em que rodava com a sensação de estar sempre à beira do abismo, desta vez não sofri. Isso não significa que 'Volver' seja melhor. Aliás, estou muito orgulhoso de 'Má educação', mas a ansiedade era terrível. Para dirigir um filme, é mais importante ter paciência que talento. E eu estava perdendo a paciência para as coisas triviais, que são as que mais exigem. Com 'Volver', recuperei parte dessa paciência. Todas as atrizes viviam e trabalhavam unidas, numa relação maravilhosa, quase familiar, e captei isso. Foi como uma bênção, todas estavam em contínuo estado de graça.”

Pedro Almodóvar, em entrevista aos jornalistas em Madri, Espanha, durante o lançamento do seu novo filme, "Volver". Tendo à frente do elenco sua fiel atriz Carmen Maura e - sem trocadilho - voltando a dirigir Penélope Cruz, o cineasta escreveu um roteiro sobre a história de três gerações de mulheres de sua terra natal, La Mancha. Almodóvar sempre se impressionou com a naturalidade com que seus conterrâneos tratam a morte: "eles cultivam muito a memória e passam a vida inteira cuidando de suas sepulturas." Mas o olhar do diretor é otimista, e "o filme é sobre essa comunidade feminina em que se fala muito, se oculta muito, se escuta muito e, para ser uma comédia, chora-se muito." Carmem Maura, por exemplo, faz uma avó que volta do além para resolver uns assuntos que esquecera. Mortos e vivos convivem sem nenhum espanto. O fantástico e o real na mesma tela.

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