Saci Pererê, nosso personagem
mitológico, nossa identidade cultural. Foi criado pelos índios da região sul do
Brasil no fim do século 18, por ocasião das Missões, aldeamentos indígenas
criados pela Ordem dos Jesuítas.
Morando na mata, Saci é guardião
das plantas sagradas que utiliza para fazer remédios curativos. Com seu gorro
vermelho (fonte de seus poderes mágicos), cachimbo de barro (costume de seus
ancestrais africanos) e uma perna só (perdeu a outra numa disputa de capoeira),
o menino negro com suas peraltices, assoviando, se tornando invisível, girando
como um pião e provocando redemoinho, atrapalha os intrusos que querem invadir
o território indígena.
Um Saci passa sete anos em
gestação dentro de um gomo de bambu, vive 77 anos sempre menino, e quando morre
se transforma em cogumelo para continuar na mata junto com os outros curumins.
Monteiro Lobato foi o primeiro
escritor a colocar o personagem na literatura, em Sítio do Picapau Amarelo,
série de 23 volumes publicada de 1920 a 1947. O menino travesso ganhou um livro
como protagonista, O Saci, de 1921.
No final da década de 50, o
cartunista Ziraldo, influenciado pelo Sítio, criou A Turma do Pererê, onde
Saci é destaque. O mesmo fez Maurício de Sousa nos quadrinhos da Turma da
Mônica nos anos 70 Saci sempre ao lado de Chico Bento, afinado com suas
histórias de matuto da roça.
Em 2003, no primeiro mandato do
Governo Lula, foi criado o Dia do Saci Pererê, um projeto do então deputado
Aldo Rabelo (PCdoB). A data escolhida foi 31 de outubro, como contraponto à importação
da comemoração do Dia das Bruxas.
As bruxas do Tio Sam,
criadas pelos colonizadores anglo-saxônicos, só sabem assustar, roubar doces,
guloseimas e apagar o imaginário popular brasileiro.
O Saci esconde nossos objetos, mas devolve. É tudo brincadeira.
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