terça-feira, 31 de outubro de 2023

o Saci contra-ataca

Ilustração: autor desconhecido

Saci Pererê, nosso personagem mitológico, nossa identidade cultural. Foi criado pelos índios da região sul do Brasil no fim do século 18, por ocasião das Missões, aldeamentos indígenas criados pela Ordem dos Jesuítas.

Morando na mata, Saci é guardião das plantas sagradas que utiliza para fazer remédios curativos. Com seu gorro vermelho (fonte de seus poderes mágicos), cachimbo de barro (costume de seus ancestrais africanos) e uma perna só (perdeu a outra numa disputa de capoeira), o menino negro com suas peraltices, assoviando, se tornando invisível, girando como um pião e provocando redemoinho, atrapalha os intrusos que querem invadir o território indígena.

Um Saci passa sete anos em gestação dentro de um gomo de bambu, vive 77 anos sempre menino, e quando morre se transforma em cogumelo para continuar na mata junto com os outros curumins.

Monteiro Lobato foi o primeiro escritor a colocar o personagem na literatura, em Sítio do Picapau Amarelo, série de 23 volumes publicada de 1920 a 1947. O menino travesso ganhou um livro como protagonista, O Saci, de 1921.

No final da década de 50, o cartunista Ziraldo, influenciado pelo Sítio, criou A Turma do Pererê, onde Saci é destaque. O mesmo fez Maurício de Sousa nos quadrinhos da Turma da Mônica nos anos 70 Saci sempre ao lado de Chico Bento, afinado com suas histórias de matuto da roça.

Em 2003, no primeiro mandato do Governo Lula, foi criado o Dia do Saci Pererê, um projeto do então deputado Aldo Rabelo (PCdoB). A data escolhida foi 31 de outubro, como contraponto à importação da comemoração do Dia das Bruxas.

As bruxas do Tio Sam, criadas pelos colonizadores anglo-saxônicos, só sabem assustar, roubar doces, guloseimas e apagar o imaginário popular brasileiro.

O Saci esconde nossos objetos, mas devolve. É tudo brincadeira.

Nenhum comentário: