terça-feira, 17 de outubro de 2023

metomínia de um povo


"sua gula e jejum
sua biblioteca..."

- Versos da terceira estrofe de José, de Carlos Drummond de Andrade, no livro de título homônimo, originalmente publicado em Poesias (Editora José Olympio, 1942), coletânea que reúne também suas três primeiras obras, Alguma poesia, Brejo das almas e Sentimento do mundo.
José, o livro, com apenas 12 poemas, expressa e mescla a solidão do homem na metrópole e as questões pessoais do autor.
José, o poema, especificamente, é a mais pura elocução de abandono e desesperança do indivíduo na cidade, personificado no nome mais comum da nossa língua e que tem sentido coletivo.
Estruturado na verticalidade de versos livres, linguagem popular e ambiente cotidiano, Drummond repete o refrão “E agora, José” como um mantra de identificação, abraço e compartilhamento de sentimentos. Foi escrito no contexto e cenário dos escombros da Segunda Guerra e o Brasil do Estado Novo ditatorial de Vargas. O passado era refúgio, “quer ir para Minas, / Minas não há mais”, o futuro para onde se marcha não existe porta, “José, para onde?”.
No próximo dia 31, 121 anos de nascimento do poeta. Você não morre, você é duro, Drummond.
Foto: Luís Carlos/Agência JB, anos 70, publicada no livro Drummond Frente e Verso - Fotobiografia de Carlos Drummond de Andrade, Edições Alumbramento, 1989. 

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