Francisco de Assis foi canonizado apenas dois anos depois da morte, em 1228, pelo Papa Gregório IX. Hoje a fé cristã, em festa litúrgica, celebra e espalha o canto em seu louvor. O legado de suas ideias e o seu exemplo de vida fazem de Francisco o mais amado na constelação dos santos. Ele apreciava a música, a poesia, usava as encenações em suas pregações. Dizia que a arte era um instrumento necessário para o cultivo da devoção. E repartia com os pássaros o pão que trazia para os dias de meditação e oração.
O poeta florentino do século 13, Dante Aligheri, aquele que atravessou o inferno, o purgatório e o paraíso em A divina comédia, no 50º verso de Canto XI de Paraíso de sua obra máxima, refere-se a Giovanni Di Pietro Di Bernardone, nome de batismo de Francisco, dizendo que "Nasceu ao mundo sol tão luminoso”. De Assis na Itália a Canindé no Ceará, nosso querido velho Chico.
Acima, a magnífica obra é do escultor estadunidense Frank C. Gaylord (1925-2018), e encontra-se em Saints Peter and Paul Cemetery, Illinois, EUA.
O impressionante flagrante é do fotógrafo australiano Jim Frazier, em 2015.
Frazier foi um naturalista especializado em filmagens em ambiente selvagem, e tinha uma convivência harmoniosa com todos os animais. Uma espécie de eufonia moldava o silêncio entre ele e os bichos enquanto trabalhava. O tempo esculpia o encontro do olho observando, enquadrando e dando o clique. Uma conversa entre os seres de boa vontade.
E nesse convívio permanente de sua atividade com a natureza, o fotógrafo inventou, em 1997, a objetiva boroscópio, devidamente patenteada Frazier Lens. Steven Spielberg e James Cameron foram os primeiros cineastas a utilizarem o implemento. Em 1998 Frazier recebeu o Oscar Técnico pela invenção. A lente permite um grande campo de profundidade na captação de imagem, estendendo a capacidade de focar tanto o primeiro plano quanto o fundo. Muitas outras invenções decorrentes dessa a indústria fotográfica deve a Frazier, como mecanismos com maior impacto para trabalhar com menos luz e a captura 3D usando uma única lente.
Jim Frazier faleceu em setembro do ano passado, aos 81 anos. O pássaro azul que pousa ao lado do pássaro da escultura e referencia o divino que falava com eles, é a mais bela grafia que revela a enorme gratidão numa triangulação com o santo de Assis e o fotógrafo da Austrália. A profundidade de campo do coração em 3D.
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