Em 1959 o cineasta Joaquim Pedro de Andrade realiza o seu primeiro filme, O poeta do Castelo, sobre Manuel Bandeira. O curta-metragem é uma preciosidade do cinema brasileiro, em sua composição e estrutura narrativa. Em 10 minutos, acompanhamos um dia na vida do poeta, que mora sozinho em um modesto apartamento no Edifício São Miguel, na avenida Beira-mar, no histórico bairro Castelo, no centro do Rio de Janeiro.
Imortal da Academia Brasileira de Letras, professor da Faculdade Nacional de Filosofia, Bandeira é apresentado na singeleza do seu cotidiano: comprando o jornal, lendo, escrevendo, fazendo o café, esquentando o leite, preparando a torrada; os cômodos e móveis modestos, a extensão do beco deserto com o lixo num canto, a verticalidade dos prédios na estética rude cinemanovista. Joaquim Pedro preferiu a sinceridade da frugalidade à pompa e salamaleques em torno de um poeta consagrado. A dessacralização em estado bruto e belo. O próprio Bandeira fez ajustes no roteiro com o diretor e escolheu os trechos de poemas que narra em off.
A sequência final é primorosa: o poeta levanta-se da cama e arruma-se para ir a uma sessão na Academia, ali perto. Mas a leitura do seu famoso poema sugere que ele vai embora para Pasárgada, onde “a existência é uma aventura”.
Bandeira faleceu na tarde de 13 outubro de 1968, aos 82 anos.
55 anos que poeta não voltou de Pasárgada.
O filme em cópia restaurada pela Cinemateca Brasileira em 2005:
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