sábado, 30 de maio de 2020

um noite de conversa

- Arranja três fotografias 3x4, vai lá na UBC e procura o Jair Amorim.
Evaldo Gouveia ouviu a recomendação de um amigo em 1957, ao ver que ele não estava cuidando de seus direitos autorais. O compositor cearense já estava em São Paulo, para onde foi como um dos integrantes do Trio Nagô, algumas de suas músicas tocavam no rádio, como Deixe que ela se vá, parceria com Gilberto Ferraz, sucesso na voz de Nelson Gonçalves.

E lá foi o jovem Evaldo à sede da União Brasileira de Compositores, com as fotinhas no bolso do paletó.
Encontrou ‘seu’ Jair terminando um artigo para revista Radiolândia, que muito gentilmente pediu que Evaldo aguardasse um pouco para atendê-lo.
- Rapaz, você ainda não é sócio?! – apressou-se Jair, ao saber do que se tratava.
- Não, senhor.
- As fotografias, trouxe?
Evaldo entregou, preencheu a ficha de associado, regularizou sua situação de compositor, e antes de sair, revelou logo o seu desejo diante aquele já consagrado autor de canções nas vozes de Dircinha Batista, Dick Farney, entre outros.
- ‘Seu’ Jair, o maior prazer da minha vida seria fazer uma canção junto com o senhor.
Naquele mesmo dia, já no final da noite, pegaram o violão e nasceu a primeira composição da dupla, o bolero Conversa, gravado por Alaíde Costa, Maysa, Marilena Romero.
O resto é história. Evaldo Gouveia e Jair Amorim sedimentaram no cancioneiro brasileiro com beleza, simplicidade e criatividade, os temas mais característicos das desilusões amorosas e seus desdobramentos, assim como fez a sua maneira Lupícinio Rodrigues.
Os primeiros versos de Conversa prediziam os mais de 50 anos de sucesso da dupla: “Veja você / o que esta noite aconteceu...”

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