quarta-feira, 27 de maio de 2020

a escuridão

foto Acervo Fundação José Saramago
“...o sentido de responsabilidade é a consequência natural de uma boa visão, mas quando a aflição aperta, quando o corpo se nos desmanda de dor e angústia, então é que se vê o animalzinho que somos.”
- José Saramago, em um trecho de Ensaio sobre a cegueira, página 243, possivelmente o livro do escritor português que melhor simboliza a imagem de um mundo imundo e bárbaro.
O escritor dizia que foi uma das experiências mais dolorosas de sua vida o tempo que levou para concluir as 300 páginas, e espera “que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-las.”
Esse desejo do autor é uma consequência inevitável que a narrativa provoca, pelo incômodo e reflexão, a abstinência moral humana, a urgência de resgatar o afeto diante do caos e escuridão.
Lançado em 1995, adaptado para o cinema em 2008 por Fernando Meirelles, Ensaio sobre a cegueira é a atualíssima imagem aterradora destes tempos sombrios, de pandemia, de governantes abjetos, de rebanho adestrado.

Nenhum comentário: