“Eu fico assustada com esses momentos obscuros que estamos vivendo e a nossa geração, que já viveu um golpe, fica assustada. Então, resolvi buscar meus amigos, que viveram comigo lá nas dunas do Pier. Quis encontrar as pessoas que mantinham esse mesmo sentimento, do amor, da paz, da solidariedade”
- cineasta e atriz Conceição Senna, na coletiva à imprensa durante o 28º Cine Ceará - Festival Ibero-americano de Cinema, ao falar sobre seu filme Anjos de Ipanema, que abriu a Mostra Competitiva de Longa-metragem, em agosto de 2018, quando começavam os debates com os candidatos à presidência da República.
Memorialista e reflexivo, o documentário apresenta uma geração de amigos do começo da década de 70, no Pier de Ipanema, Rio de Janeiro, relembrando, quase 50 anos depois, as emoções daquele momento transgressor, libertário e lisérgico. Conversam sobre o que consideram os acontecimentos mais marcantes de suas vidas, o que moldou suas personalidades, drogas, sexo, repressão, espiritualidade, paz e amor.
Com cenas filmadas na época por eles mesmos, revisitam emocionados a intimidade dos "desbundados", como eram conhecidos, e se declaram eternamente hippies.
Conceição faleceu na noite de ontem, quarta-feira, aos 83 anos.
Seu filme foi reencontro e despedida com os amigos, com o cinema, com o Brasil, nestes tempos obscuros que a assustavam tanto.
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