sexta-feira, 24 de maio de 2019

o tempo visível de um cineasta

"Eu estava muito incomodado com filmes em que o tempo é refém da narrativa, e não das emoções dos personagens.", disse o cineasta cearense Karim Aïnouz quando do lançamento de O céu de Suely, em 2006.
E o tempo como elemento intrinsecamente orgânico nas emoções dos personagens é a grande marca na filmografia de Aïnouz, desde O preso, seu primeiro filme, 1992, um curta-metragem sobre um lavrador nordestino. Seguiram na trajetória Madame Satã, O céu de Suely, Viajo porque preciso, volto porque te amo, O abismo prateado, Praia do Futuro, Diego Velázquez ou o realismo selvagem, Aeroporto Central, longas de ficção e documentário que sedimentaram o pensamento e olhar de um dos maiores cineastas brasileiros.
Seu oitavo longa-metragem, A vida invisível de Eurídice Gusmão, adaptado do livro homônimo da jornalista e escritora pernambucana Martha Batalha, ganhou hoje o prêmio maior da Mostra Un Certain Regard, no Festival de Cannes.
Contando com sensorialidade a história de cumplicidade afetiva entre duas irmãs no Rio de Janeiro dos anos 50, Karim disse que “uma das certezas que eu tinha nesse projeto, filmado ali pela Tijuca, por Santa Teresa, pelo Estácio, era de que eu não queria filmar na Zona Sul do Rio, como todo mundo faz. Há uma outra geografia que eu queria explorar. Outra coisa a ser vetada: mulher chorando. Queria a força feminina, mostrar mulheres que vão à luta”. Que maravilha! Ainda não vi o filme e já gostei.
É o Brasil brasileiro de Chico Buarque, Karim Aïnouz, ganhando prêmios!

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