quarta-feira, 15 de maio de 2019

blues tão rico

O grande anjo torto Sérgio Sampaio gravou Meu pobre blues em 1974, em um compacto simples, produção de Roberto Menescal, um ano depois de seu primeiro LP, Eu quero é botar meu bloco na rua. A música ficou mais conhecida na voz de Zizi Possi, em seu disco de estreia, Flor do mal, 1978. Mas é outra viagem.
A letra é uma homenagem enviesada ao conterrâneo de Cachoeiro de Itapemirim, o "rei" Roberto Carlos, que, com suas esquisitices azuladas, não deu a mínima para as composições de Sérgio Sampaio. Como diz o crítico de música Silvio Essinger, "é uma canção amarga, feita não para o astro gravar, mas para ele ouvir e botar a mão na consciência.”
Sérgio Sampaio nunca fez concessão às exigências e burrice de alguns setores da linha evolutiva da música popular brasileira, como dizia seu parceiro da Sociedade da Gran-Ordem Kavernista, Raul Seixas.
Com sua música e letras de fúria modernista, viajando de trem do samba e choro ao rock'n roll, blues e baladas, Sérgio Sampaio estava blocos à frente de muitos.
25 anos hoje que ele se foi, aos 47, com sua poesia na calçada.
Íntegro, não se entregou: morreu de parabélum na mão.

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