Em Oito e meio (8½), Federico Fellini dirige Marcello Mastroianni que interpreta um cineasta em crise, sem inspiração para o próximo filme, pressionado pelo produtor, esposa, amigos e quem olhar pra ele.
Para poder desbloquear seus neurônios criativos, dar uma relaxada e voltar com uma ideia pronta, ele se manda para uma estação de águas.
Misturando ficção com realidade, passado com presente, o que foi com o que poderia ter sido, Fellini usa o exercício de metalinguagem para contar o que ele mesmo estava passando naquele momento em 1963, depois de ter dirigido apenas um episódio no longa Boccaccio 70, após a pulsação criativa de La dolce vita, de 1960.
Se o alter ego do personagem de Mastroianni vai se banhar em águas purificadoras, Fellini, obcecado, insiste em set de filmagem para expor suas perturbações, em um onírico exercício de terapia de psicanálise jungiana.
O título desse ótimo trabalho faz uma referência à sua filmografia até então: dirigiu sete longas e o tal episódio. Imagine se não estivesse com bloqueio criativo...
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