quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

amigos a gente encontra... - 05

Tenho um poema, que está no meu próximo livro, que diz “quando quiser / me procure / que lhe acho”, motivado, claro, por um desses desencontros e saudades de um certo alguém que, reincidente, ama-se, e poetiza-se a ausência. Mas a poesia tem essa multiplicidade de adaptar-se a mais de uma situação. E os versos acima posso muito bem ilustrar, legendar um outro contexto da minha vida, quando há uns três anos reencontrei o amigo Valdi Ferreira Lima, poeta de primeira grandeza, com sua simplicidade de gestos e traços de samurai sertanejo.
A bem da verdade desse episódio, ele que me reencontrou. Ele que me reconheceu. Ele que me achou. No alto da Serra da Meruoca, durante um trabalho no júri de um festival de música, o aplicativo desse encontro foi atualizado, retomado o que vivemos através da poesia, dos movimentos literários nos anos 80 em Fortaleza, ele me lendo de lá, eu escutando seus versos de cá. Poucos nos encontramos naqueles tempos de juventude eterna. Mas muito existimos um para o outro na maturidade do tempo, na amizade silenciosa, sem arroubos, no enlevo da admiração mútua.
Nesse pouco tempo hoje que nos achamos no futuro de ontem, uma profunda amizade se finca em nosso peito. Fui revisor e prefaciador do seu ótimo livro O Guardador de Raízes, uma biografia de fôlego da vida e obra pastoral de seu pai, lançado no final do ano passado. O privilégio que me honra em ter revisitado com ele a casa paterna, adentrar juntos as salas de seu passado, os alpendres de onde contemplou sua memória, vai além da tarefa do trabalho de revisão e da escrita da apresentação da obra. Não tem explicação, e nem precisa, o convívio com sua história familiar, como se da parentada um irmão eu fosse.
Só a amizade proporciona esse amor. Meu coração lhe abraça, caro Valdi. Com o mesmo afeto franciscano do cachorrinho na foto.

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