“Abro a janela e eis que, em tumulto, a esvoaçar, penetra um vulto:
É um Corvo hierático e soberbo, egresso de eras ancestrais. ”
- Trecho de O Corvo, clássico de Edgar Allan Poe, 210 anos de seu nascimento hoje. Publicado pela primeira vez em 1845, no periódico New York Evening Mirror, a tradução do poema no Brasil é de Milton Amado.
O poeta louco americano, como dizia Belchior, discorre em linguagem ultrarromântica, a tristeza pela perda de sua amada Leonora. A ave misteriosa simboliza o mau agouro, a acepção negativa, e pousa sobre o busto da deusa grega Palas, ferida mortalmente por Atenas.
Um salto no tempo: a belíssima estátua A Justiça, do artista plástico mineiro Alfredo Ceschiatti, em Brasília, em frente ao STF, é a representação feminina do poder e da verdade. A deusa de olhos vendados e alma aberta. A força e a coragem, a ordem e a regra. E nestes tempos toscos sobre nossa pátria mãe gentil, corvos soberbos pousam suas patas asquerosas sobre o busto da imparcialidade.
A simetria do tempo: os versos de um poema que atravessa a história e atualiza o aplicativo do lamento, da dor, da indignação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário