Em sua biografia As Confissões Inconfessáveis, o genial pintor catalão Salvador Dalí discorre em uma narrativa vulcânica histórias hilariantes, fatos inimagináveis, opiniões desavergonhadas sobre amigos, parentes, amores, arte, religião... São 20 densos e inquietos capítulos ironicamente intitulados como se fossem prescrições de aprimoramento pessoal a partir de como viveu, e não é nada disso ao mesmo tempo que é tudo e muito mais. A impressão que se tem na leitura é a de rápidas e ininterruptas pinceladas numa tela.
Lançado em 1973, quando ele tinha 69 anos, o “receituário” dos capítulos vai desde Como conviver com a morte, que abre o livro, passa por Como se livrar do próprio pai, Como descobrir a própria genialidade, Como orar a Deus sem acreditar Nele... e entre outras inconfissões nada surreais, finaliza com Como Dalí pensa na imortalidade.
Se Nietzsche o tivesse conhecido, teria se perturbado com a sensação de encontrar seu Zaratustra no paroxismo do delírio lúcido de Salvador Dalí.
Um livro que só poderia ser filmado por Buñuel, depois de muitos tratamentos de um roteiro feito por Carrière.
Hoje completam 30 anos que o pintor iniciou sua imortalidade.
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