O fotógrafo e poeta francês René Maltête dizia que “nada é mais necessário que o humor, porque nos evita sofrimentos desnecessários; o humor pode mudar a impotência individual da dor”.
Falecido em 2000, aos 70 anos, deixou livros onde estão poemas e fotos que se mesclam pela característica nonsense da mensagem. Nas ruas de Paris dos anos 50, começou a fotografar as pessoas, sempre de um ângulo que criava não uma cena falsa, mas um viés com os elementos que davam a ilusão, o abstrato dentro do real. Mesmo quando passou a compor a cena para uma foto, na rua ou em ambiente fechado, o que ele fazia eram ajustes, que ao final pareciam flagrantes. Reflexões filosóficas em situações incomuns da vida cotidiana.
É muito significativo que René Maltête tenha começado sua carreira com Jacques Tati, o cineasta, que nos anos 50 e 60, melhor imprimiu o minimalismo e o silêncio como linguagens em filmes que não tinham uma história de começo, meio e fim, mas uma série de cenas curtas dentro da narrativa. A junção dessas rápidas e polifônicas explanações construíam o corpo do enredo.
Maltête fazia com suas fotos o que Tati fez em Meu tio, Playtime e As férias de sr. Hulot, para citar aqui seus três filmes mais conhecidos. “O que interessa a Tati não é o indivíduo, mas a mise-en-scène de um mundo", escreveu o crítico Stéphane Goudet, definição que se aplica perfeitamente à obra fotográfica de René Maltête.
Aqui, algumas de suas fotos mais conhecidas.
Acima, Plaisir solitaire. Diante o espelho o jogador joga com ele mesmo. Uma ilustração para esses dias de #fiqueemcasa.
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