foto Tony Frank, 1970
"Eu conheço meus limites, é por isso que estou indo além", costumava dizer Serge Gainsbourg, cantor, compositor, ator, cineasta, sedutor, marido de sua musa Jane Birkin, pai de Charlotte, a cultuada atriz de Ninfomaníaca.
Gainsbourg converteu a tradicional chanson francesa ao universo pop da música, com suas letras ousadas, polêmicas, com sua interpretação sussurrante, como estivesse à meia-luz e por inteiro numa alcova, num pub, entre a sensualidade de suas deusas, seus cigarros Gitanes, seus goles de Bourbon, e outros venenos antimonotonia e tais.
Com seus traços de anjo torto, de dândi enviesado pelas ruas noturnas de Paris, revelou um lado furtivo da sociedade francesa naqueles pulsantes anos 60, 70. A beleza de suas músicas em quase 30 discos, vai além da clássica canção de amor implícita Je t'aime moi non plus. Gainsbourg construía uma espécie de labirinto de imagens com seu tempo poético, um caleidoscópio de sons sofisticados na simplicidade da narrativa.
Faleceu enquanto dormia, no dia 2 de março do palíndromo 1991, um mês antes de completar 63 anos. Em Um punhado de Gitanes, biografia escrita pela jornalista inglesa Sylvie Simmons, 2004, a autora descreve que “Para alguém tão acostumado a fama e ao escândalo, foi uma morte bastante prosaica, quase ‘pudique’. Não havia vômito de bêbado, nada de incêndio no colchão provocado por um Gitane descuidado – nada além de um ataque cardíaco. Na morte assim como na vida, Serge Gainsbourg recusava-se a se conformar com os padrões ou ser definido de forma tão fácil.”
Ele conhecia seus limites, por isso arriscava. “Je vais, je vais et je viens”, com diz a letra de Je t’aime...
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