sábado, 11 de julho de 2020

memórias de um guerrilheiro

“’Os Carbonários’ não é um romance. E tudo o que aconteceu lá é verdade, até onde eu me lembro... claro que a memória prega peças pra gente, mas... tentei fazer um livro que contivesse a verdade, nem toda a verdade, mas que contivesse essencialmente a verdade... e... sob uma forma de memorialismo...”
- trecho de uma entrevista do escritor e jornalista Alfredo Sirkis, em abril de 2005, para sociólogo Mário Augusto Medeiros da Silva, em pesquisa para o livro Os escritores da guerrilha urbana – Literatura de testemunho, ambivalência e transição política (1977-1984), publicado em 2008.

Com um narrativa fluente, Os carbonários faz uma detalhada trajetória do autor, de líder estudantil secundarista no final dos anos 60 a militante da resistência armada contra a ditadura militar, participando de operações e sequestros de diplomatas que levaram à libertação de presos politicos. Sirkis passou oito anos e meio exilado na França, Chile, Argentina e Portugal, até retornar ao Brasil com a Anistia, e publicar o livro em 1980, premiado com o Jabuti no ano seguinte.
Um painel importante da história política brasileira está nas 500 páginas de Os carbonários.
Militante da causa ambiental, um dos fundadores do Partido Verde, ex-vereador, ex-deputado federal, autor de nove livros, Alfredo Sirkis faleceu ontem à tarde, aos 69 anos. Seguia na rodovia Arco Metropolitano do Rio de Janeiro, quando perdeu o controle de seu carro e capotou, batendo num poste.
Sirkis ia ao encontro de sua mãe, de 96 anos, em isolamento na cidade Vassouras.
2020, um ano em que vivemos em perigo, tristes a cada notícia.

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