Há 30 anos, exatamente no dia 21 de julho, Roger Waters apresentou um dos maiores concertos da história do rock, The Wall — Live in Berlin, com um público estimado em 350 mil pessoas.
O show foi em comemoração à queda do muro de Berlim, ocorrida um ano antes. A complexa estrutura do evento foi montada exatamente no local onde deu início a construção do muro, em agosto de 1961, entre a praça Potsdamer Platz e o Portão de Brandemburgo, entrada da capital alemã, onde tem o neoclássico arco do triunfo.
Tanto o disco The Wall quanto o filme homônimo, dirigido por Alan Parker, são anteriores ao fato, respectivamente 1979 e 1982. Apesar de ser inspirado na vida pessoal de Waters, fazendo referência ao seu pai morto na Itália durante a Segunda Guerra, (“Daddy's flown across the ocean / leaving just a memory”, inicia “Another brick in the wall"), a história narrada no operístico álbum duplo representa a opressão de todos ("I don't need no arms around me / and I don't need no drugs to calm me”, finaliza a icônica canção single).
Durante os 28 anos de existência, o muro, com seus quase 70 km de extensão, separou não somente um país, mas polarizou o mundo, no que Drummond chamou de "tempo de homens partidos". Com seus tijolos imbecis num desenho ilógico, foi o principal símbolo da Guerra Fria.
Há muros e "muros" ainda para serem derrubados, dentro de nós e lá fora. Há o meu lado e o teu. Isso e aquilo. "Tudo tão difícil depois que vos calastes... / E muitos de vós nunca se abriram", citando outra vez Drummond, em seu preciso poema Nosso tempo, página 23 de A rosa do povo, publicado do final da Guerra, 1945.
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