terça-feira, 28 de julho de 2020

alinhamento dos astros

Caetano Veloso, José Saramago, Jorge Amado.
Registro astronômico da jornalista e fotógrafa Maria Sampaio, na casa do músico baiano, em Salvador, 1996.
Naquele ano, Caetano preparava o disco Livro, lançado em 1997, juntamente com a autobiografia Verdade Tropical. O álbum é um de seus melhores trabalhos. Estão lá Onde Rio é mais baiano, Manhatã, Não enche, uma ótima regravação de Na baixa do sapateiro, de Ary Barroso, e a conceitual faixa-título, onde o trecho inicial parece uma legenda inversa para a foto: “Tropeçavas nos astros desastrada / quase não tínhamos livros em casa / e a cidade não tinha livraria / mas os livros que em nossa vida entraram / são como a radiação de um corpo negro”.
Saramago lançara Ensaio sobre a cegueira um ano antes, possivelmente o livro do escritor que melhor simboliza a imagem de um mundo imundo e bárbaro. Na Bahia ele descansava do trabalho que dizia ter sido “um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências mais dolorosas da minha vida.”
Jorge Amado preparava o que veio a ser sua penúltima obra, O milagre dos pássaros, uma fábula ambientada em Alagoas. Conta a história de Ubaldo Capadócio, trovador popular, amante de muitas mulheres, típico galanteador irresistível. Mesmo fora do céu da Bahia, personagens da constelação jorgeamadiana, numa deliciosa narrativa temperada com dendê.
O alinhamento dos planetas Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno, que aconteceu no último domingo, 26, voltará em 2022.
O alinhamento visto “nas sacadas dos sobrados / da velha São Salvador” em 1996, tornou-se um fenômeno raro.

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