Depois de Rubem Fonseca, outro mestre da literatura policial no Brasil, Luiz Alfredo Garcia-Roza, partiu nesta manhã de quinta-feira, aos 84 anos, internado desde ano passado, vítima de um AVC.
O inspetor Espinosa, com exceção do romance Berenice procura, de 2006, é o personagem central em suas histórias, de O silêncio da chuva, sua estreia em 1996, prêmio Jabuti na categoria romance, ao livro mais recente, A última mulher, lançado quatro meses depois em que estava hospitalizado.
Suas tramas, muito bem arquitetadas em reviravoltas, estão sempre ambientadas entre Copacabana, onde se localiza a delegacia de Espinosa, e o bairro Peixoto, onde reside. O clima noir em pleno cenário dos trópicos foge ao estereótipo de armas e narcotráfico, sem deixar, obviamente, de citar esse universo. Filósofo especialista em psicanálise, o escritor Garcia-Roza imprime e explora as questões do interior de seus personagens na realidade adversa, corruptível.
Três de seus livros foram adaptados para as telas, o que deu um novo fôlego ao gênero no cinema brasileiro: Achados e perdidos, por José Joffily, 2006, Berenice procura, de Allan Fiterman, 2018, e ano passado Daniel Filho finalizou O silêncio da chuva, com Lázaro Ramos no papel do inspetor.
Baseada em Uma janela em Copacabana, de 2006, foi lançada em 2015 uma bem cuidada série na GNT, Romance Policial – Espinosa, dirigida por José Henrique Fonseca, filho de Rubem Fonseca.
O inspetor agora é um personagem à procura de um autor para desvendar tanta notícia triste.
Acima, o escritor em uma de suas últimas fotos, de Leo Martins/O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário