terça-feira, 21 de abril de 2020

adeus, promessas

"Depois de todas as constatações, é possível extrair uma conclusão de significado doloroso: o meu erro histórico foi ter retornado ao Brasil, após ter dirigido o filme mais premiado do mundo, em 1962. Se a sensibilidade fosse maior que a saudade, teria aceito um dos diversos convites que recebi para dirigir em Hollywood, na França e na Índia. Se me fosse dado o poder de refazer a minha história, jamais retornaria ao meu país para ser alvo de esculhambação da crítica e de desfeita dos agentes ditatoriais."

O ator e cineasta Anselmo Duarte, nas páginas finais da biografia Adeus, cinema, escrita por Oséas Singh Jr., 1993, ao falar sobre tudo que envolveu a produção e repercussão de O pagador de promessas, o primeiro e até agora o único filme brasileiro a ser premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes.
Apesar da amargura em alguns trechos, o cineasta é de uma elegância em todas suas palavras nesse livro-testamento, um depoimento que comove pelo coração em tela aberta.
Falecido em 2008, hoje é centenário de nascimento. Palmas de ouro!

Nenhum comentário: