segunda-feira, 6 de abril de 2020

Cristo submerso

Em 1947 o mergulhador e inventor italiano Dario Gonzatti desenvolveu um protótipo do aparelho respiratório autônomo de oxigênio. A partir do respirador usado na Marinha ao longo da Segunda Guerra, Gonzatti com seu trabalho pioneiro deu possibilidade de executar pesquisas subaquáticas.
Naquele ano, durante um mergulho na baía de San Fruttuoso, norte da Itália, Dario Gonzatti sofre um acidente e morre.
Em 1954, seu amigo e também mergulhador Duilio Marcante, que estava com ele no dia fatal, presta-lhe uma homenagem bastante peculiar: encomenda ao escultor Guido Galletti uma estátua de Cristo, feita de bronze, 2,50m de altura, com os braços erguidos para os céus, e a coloca no local do acidente, a 15 metros de profundidade.
San Fruttuoso é um histórico vilarejo de pescadores nas encostas do Monte de Portofino, na Riviera Italiana. A Abadia do século 8, sede da paróquia católica, é um dos pontos atrativos para turistas, assim como a pequena praia em frente, e, para quem consegue, uma visita à estátua, denominada Cristo degli Abissi (Cristo dos Abismos), já conhecido como protetor dos mergulhadores.
Em 2016 o casal francês Guillaume Nery e Julie Gautier, mergulhadores, e ela também cineasta, realiza uma visita às águas da baía e reverenciam o Cristo há mais de 60 anos submerso. De certa forma, manifestam igualmente tributo a Dario Gonzatti.
Nely e Gautier são referências no mundo esportivo aquático pelos mergulhos coreografados, muitos sem nenhum tipo de equipamento.
A visita é registrada pelo documentarista italiano Fabio Ferrioli, e o curta-metragem faz parte da série filmes da produtora do casal, dedicada ao tema.
Em um balé em volta do Cristo, as mãos elevam-se como uma prece em proteção, além da superfície, muito acima dos céus.

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