domingo, 29 de agosto de 2021

ilha de edição


O recurso narrativo cross-curting criado pelo cineasta Sergei Eisenstein no início dos anos 20 define a técnica de corte entre ações paralelas, estabelece tramas em diferentes locais ou situações e têm significados conotativos na simultaneidade do enredo.

Em seu cinema estão ampliadas, testadas, aprovadas e cristalizadas as mais revolucionárias teorias de montagem. O experimento de Eisenstein foi decisivo para consolidar o conceito de edição, o efeito potencial, emocional e reflexivo da imagem no público.
Neste setembro que chega, inicio a fase de edição do documentário Pessoal do Ceará - Lado A Lado B, com o comando do montador Rui Ferreira, um dos mais experientes do cinema brasileiro. Nossa sintonia conduzirá nos próximos meses, em expedientes diários de oito horas, o processo de dissecar o material bruto armazenado em teras e teras de HDs, lapidar o tempo, a trama, as falas e os silêncios. No caso desse filme, além das entrevistas, que direcionam a narrativa, dezenas de fotografias, páginas em fac-símiles de jornais e revistas, vídeos VHS, trechos de filmes originais em bitolas 35mm, 16mm, super-8. Na simetria do tempo do suporte analógico à formatação múltipla do digital, a informação e a emoção na simultaneidade do enredo que Einsestein preconiza.
Em um quadro, num esquema de escaleta, os nomes de todos os entrevistados e os tópicos dos assuntos pertinentes a cada um no que pretendo contemplar, analisar e discutir sobre a música produzida no Ceará no recorte histórico de 1969-1970 a 1979-1980, da gênese do que veio a se chamar Pessoal do Ceará aos quatro dias do evento de som, música, movimento e gente da Massafeira Livre, no Theatro José de Alencar, em Fortaleza.
A lista no quadro é apenas – e necessariamente - o primeiro passo de uma jornada que requer disciplina, concentração e criatividade, substantivos que caracterizam ao trabalho de Rui Ferreira.

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