segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

nunca mais outra vez

“Eu gostaria que soubessem que cumpri duas tarefas: uma do Partido e outra do meu coração”.
A frase é da revolucionária alemã, de origem judaica, Olga Benário, marcante no Brasil por sua atuação ao lado do marido Luís Carlos Prestes, líder do movimento que entraria para a história brasileira como Intentona Comunista.
Após a insurreição, durantemente reprimida pelo governo de Getúlio Vargas, Olga e Prestes passaram a viver na clandestinidade, e acabaram detidos em 1936. Na prisão, Olga descobriu que estava grávida. No mesmo ano foi deportada para a Alemanha nazista. Recebida pela Gestapo, foi levada para a prisão feminina do Campo de Concentração de Barnimstrasse, onde teve sua filha Anita Leocádia Prestes (hoje historiadora aposentada, 83 anos), que ficou com a mãe na cela até o fim do período de amamentação, e depois entregue à avó, dona Leo Benário.
Olga foi executada em 23 de abril de 1942, aos 34 anos de idade, na câmara de gás com mais 199 prisioneiras, no campo de extermínio de Bernburg.
Em 2008, por ocasião do centenário de seu nascimento, a Alemanha a homenageou, inaugurando uma ‘pedra de tropeço’ em frente ao último endereço em que ela viveu em Berlin, no bairro de Neukölln.
‘Pedras de tropeço’ são pequenas placas de latão presas nas calçadas dos locais onde moraram vítimas das atrocidades nazistas. Nelas estão escritos o nome, data de nascimento e de deportação e uma referência ao que aconteceu. Em toda Europa são encontradas mais de 13 mil placas semelhantes.
Hoje, 27 de janeiro, é celebrado o Dia Mundial da Lembrança do Holocausto, instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em homenagem aos seis milhões de judeus e às outras vítimas da crueldade nazista. A data é uma alusão ao dia em que as tropas soviéticas libertaram o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, na Polônia.
No contexto mundial alarmante da extrema-direita, do antissemitismo, da proliferação assustadora de grupos nazifascistas, das tentativas de governos conservadores de reescrever a história e distorcer os fatos, da intolerância e ódio espalhados pela Internet, das teorias absurdas de terraplanistas, criacionistas, delirantes neopentecostais, a data de hoje é para lembrar que todos os dias são para lembrar.

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