“O médico perguntou: O que sentes? E eu respondi: Sinto lonjuras, doutor. Sofro de distâncias.”
“Desperta-me em braile, suplicou, cega de amor, na noite branca dos lençóis”.
“No leito de morte, o ateu questionava-se: ‘Se vou para o céu, porque vão me colocar embaixo da terra?’”
“A Eva foi a primeira garota-propaganda da Apple. ‘Steve Jobs’”
“Desato-me em nós”.
Essas micronarrativas preciosas são de autoria do amigo Denison Mendes, publicadas em seu livro Bonsais atômicos, 2010. A primeira está sendo replicada nas redes sociais como sendo de Caio Fernando Abreu. Além da admiração, Denison tem por Caio a conterraneidade: são gaúchos.
Sem a rigidez estética do haicai, a beleza desses textos que se mesclam entre o microcontos e poemetos horizontalizados, é a precisão e profundidade do conteúdo no formato reduzido.
Ao contrário do que se possa apressadamente imaginar, requer ao autor a habilidade com as palavras para adentrar nos sentidos.
O contato sensorial na pele das palavras extrai o conteúdo.
Nestes tempos de comunicação virtual da Idade Mídia, muito se propagou, como uma espécie de desafio, textos criativos através dos 140 caracteres do Twitter. Denison Mendes foi um dos que se revelaram.
Quem escreve bem, escreve muito em poucas palavras.
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