domingo, 19 de novembro de 2023

a imortalidade de Rosa


Foto: Arquivo Público Mineiro / Acervo DIMUS – Museus Estaduais de MG

Em 1957 Guimarães Rosa se candidatou à Academia Brasileira de Letras, mas obteve apenas 10 votos. Tentou outra vez em 1963 e foi eleito por unanimidade, ocupando a vaga do gaúcho João Neves da Fontoura. Mas o escritor não tomou posse de imediato. Tinha uns medos, umas crenças, e achava que poderia se sentir mal de tanta emoção. Adiou por quatro anos.
Quando se considerou seguro, acertou com a Academia para assumir a cadeira no dia 16 de novembro de 1967. Tinha ido ao México no começo do ano representar o Brasil no I Congresso Latino-Americano de Escritores, publicou em agosto o livro de contos Tutaméia – Terceiras histórias, participou do juri do II Concurso Nacional de Romance Walmap, por iniciativa dos seus editores alemães, franceses e italianos seria indicado ao prêmio Nobel... Estava entusiasmado! Fecharia o ano empossado na Academia.
Em seu discurso, fazendo uma referência à imortalidade que o fardão consagra, disse que "...a gente morre é para provar que viveu". Uma fala com acento aforístico que caberia numa conversa de Riobaldo com seu compadre Quelemém.
Três dias depois, na manhã de um domingo como hoje, Rosa sofre um infarto em sua casa, em Copacabana, e falece, aos 59 anos. Estava sozinho, sua esposa, dona Aracy de Carvalho, tinha ido à missa.
Como pedira aos familiares, foi enterrado com seus óculos de míope. O semblante final como "Um passarinho / sob a robusta ossatura com pinta / de boi risonho?", perguntou e definiu Drummond em um poema a ele dedicado, Um chamado João.

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