“A noite que houve, em que eu, deitado, confesso, não dormia; com dura mão sofreei meus ímpetos, minha força esperdiçada, de tudo prostei. Ao que veio uma ânsia. Agora eu queria levar meu corpo debaixo da cachoeira branca dum riacho, vestir terno novo, sair de tudo que eu era, para entrar num destino melhor.”
- O trecho é uma fala de Riobaldo, em Grandes Sertões: Veredas, página 296, de Guimarães Rosa, 1956. O personagem, isolado entre os jagunços, não se sente um deles. Está lá pelo amor que Diadorim lhe despertou. Riobaldo sente desconforto no bando. Sente falta do lado lá de fora, de música, das pessoas, de festas. “Eu queria era um divertimento de alívio”, diz dele para ele no isolamento. Riobaldo sofreia os ímpetos e espera. “Esperei a escuridão passar. Mas quando o dia clareou de todo, eu estava diante do buritizal”.
Nesses três meses de isolamento, pelo amor que a vida desperta em mim, espero a escuridão passar. Quero levar meu corpo para debaixo da cachoeira. Quero vestir um terno novo e passear. Quero o lado de fora das pessoas no abraço das festas. Sair de toda essa pandemia sanitária e se livrar do pandemônio do planalto central país. Entrar num destino melhor diante do buritizal.
Releio Guimarães hoje em seus 112 anos de nascimento: fico mais perto do Rosa para o dia clarear.
Dance comigo, Diadorim.
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