“O mundo nos abraça, entra em nosso corpo, e nós o devolvemos com as imagens que conseguimos fazer. Essa experiência de influência, de contaminação, de infecção do mundo ao redor faz parte da vida e não é possível escapar dela, sob o risco de se trancar num manicômio ou se fechar em seu próprio quarto sem nunca mais sair.”
- Marco Bellocchio, cineasta italiano, em entrevista à revista CULT, edição 179, 2013.
Pode parecer um presságio sobre os tempos em que estamos vivemos, mas ele se referia à realidade que inspira a criação de seus filmes, em particular Vincere (foto), que lançara quatro anos antes.
O filme conta a história de Ida Irene Dalser, que morreu sozinha tentando convencer que foi esposa de Benito Mussolini, com quem teve um filho, em 1915. O então soldado reconhece a paternidade, mas não dá assistência e parte para a guerra contra o império austro-húngaro. Quando volta está casado com outra. Ida Irene se desespera, é perseguida pelo partido fascista que se firmava, e a internam em hospitais psiquiátricos. Perde a guarda da criança e enlouquece.
Ao analisar a relação pessoal da personagem com o líder fascista, Bellocchio aborda a relação da Igreja com o Estado na Itália, discute e critica as promiscuidades institucionais entre católicos e políticos.
De certa forma, a fala do cineasta na entrevista é sobre a infecção dos vermes que exercem seus podres poderes no mundo ao redor, em todos os tempos.
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