Durante os anos de 1883 a 1886, Machado de Assis publicou uma série de textos, ditos e aforismos no jornal Gazeta de Notícias. Assinava com o pseudônimo Lélio.
Intitulada Balas de Estalo, a série, com a afinada ironia do grande escritor, refletia com humor a política imperial no final do século XIX, discorrendo sobre o comportamento e as mudanças urbanas, o abolicionismo, os princípios e medidas adotadas para extinguir a escravidão, analisando dessa forma o declínio das principais instituições do país, mais exatamente a monarquia e a igreja.
São frases curtas, cortantes, (como essa do título da postagem), com a inteligência do implacável, eloquente e elegante “bruxo do Cosme Velho”, epíteto cunhado por Carlos Drummond de Andrade no poema a ele dedicado, A um bruxo, com amor, publicado no livro A vida passada a limpo, de 1959, uma afetuosa alusão ao morador da casa número 18 da rua que tem o mesmo nome no bairro carioca.
A historiadora paulista Ana Flávia Cernic Ramos tem mestrado e doutorado sobre a série de textos, respectivamente, Política e Humor nos últimos anos da monarquia: a série Balas de Estalo e As máscaras de Lélio: ficção e realidade nas Balas de Estalo de Machado de Assis, este publicado em livro em 2016.
181 anos hoje de nascimento de Machado, um substantivo para sempre.
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