Em novembro de 2010 o cineasta Carlos Reinchebach foi homenageado no 43º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Na noite de abertura foi exibido seu primeiro longa-metragem, em cópia restaurada, Lilian M: Confissões Amorosas (Relatório Confidencial).
Rodado em 1974, durante o governo Geisel, o filme foi considerado subversivo pelos censores e teve 20 minutos de cenas cortadas. Com uma narrativa não linear em flashback, o enredo gira em torno de uma mulher que muda de identidade e parte em busca de sua liberação sexual.
Antes da apresentação no Teatro Nacional Cláudio Santoro, Reinchebach deu uma rápida entrevista ao jornalista Fábio Tito, do portal G1, e uma das perguntas foi sobre seu problema de saúde, acometido por catarata nuclear, que o impedia de ficar por muito tempo dentro de uma sala de cinema. É um horror!, disse Carlão.
- Existem planos de se aposentar? – perguntou o repórter.
Carlão expressou um “não” em silêncio, olhou mais fixamente para o jornalista através de suas enormes lentes e sentenciou: “Vou até morrer filmando! Seria a morte ideal, né? Morrer trabalhando!”
Reichebach faleceu dois anos depois, não pelo problema nos olhos, mas de parada cardiorrespiratória, curiosamente no mesmo 14 de junho quando chegou a este mundão em 1945.
Na foto acima seu último trabalho, em Avanti Popolo, de Michael Wahrmann, finalizado cinco meses depois de sua partida.
O cineasta deixou os sets de vez não filmando, mas à frente das câmeras, como ator, interpretando um pai que há 30 anos espera o filho desaparecido pela ditadura militar.
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