
Que nada. Era mês "summertime", e pleno carnaval.
Foi difícil para Janis ficar indiferente a tanta folia e animação
"exótica". Foi ciceroneada pelo fotógrafo Ricky Ferreira,
e que lhe hospedou no apartamento quarto-e-sala em que
morava, ao encontrá-la vagando e chorando pela areia da praia, depois
que fora expulsa do Copacabana Palace por nadar nua na piscina.
Acompanhada ainda por sua figurinista, a comissão de frente das farras,
incluía um namoradinho americano que encontrou no calçadão de Copa, e
mandou ver em todos os passeios que lhe levavam. Não dispensou nada.
Notívaga assumida e baladeira confesso, começaram a farra numa boate
fuleira no final da av. Atlântida, um local frequentado por prostitutas,
marinheiros e maconheiros cantando Kosmic blues. Dá de cara com o
cantor Serguei, que conhecera nos Estados Unidos em 1968, e que nunca
comeu Janis, o máximo que rolou foi fumar um unzinho juntos na Praia da
Macumba, quando fez topless numa boa, e pagou caro com as costas cheias
de bolhas pelo solzão carioca.

Incansável, e às vezes imprevisível nas atitudes pela sua bipolaridade,
Janis Joplin foi a um baile de carnaval do Theatro Municipal, e por
causa das roupas coloridas e as axilas peludas, foi confundida como
travesti pelos foliões do "ô abre alas, que eu quero passar". Assistiu
aos desfiles das escolas de samba na Candelária, e numa entrevista quis
saber sobre uma tal cantora chamada "Girl" Costa. Depois pegou uma moto
com o seu boyfriend e se mandaram feito Dennis Hopper, Peter Fonda e
Jack Nicholson, em Easy Rider, para a praia de Arembepe, na Bahia,
onde uma comunidade hippie vinda de Woodstock tinha um bagulho do bom.
A meteórica passagem de Janis Joplin no Brasil é inesquecível por
muitos que tiveram a oportunidade - histórica - de acompanhá-la. Todos
afirmam que a intensidade em tudo que a cantora fazia, entre maços de
cigarros e goles de vodka, escondia uma mulher amargurada, que não dava a
mínima para dinheiro e salamaleques que hoje essas babaquinhas da
música pop se impõem com exigências de toalhinhas finas, frutinhas
destiladas, papel higiênico florido e água Perrier no camarim.
O
anfitrião Rickky Ferreira prepara um documentário Janis Joplin — o
último carnaval, narrando os fatos (e fotos) que viveu a lenda do rock.
Oito meses depois, quando gravava o álbum Pearl, seu empresário a encontrou morta em um quarto de hotel, em Los Angeles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário