Chico Science dizia que com um passo à frente e você não está mais
no mesmo lugar. E nada mais ficou como antes no mangue do Capibaribe
depois de seu beat acelerado, juntando no mesmo ritmo e percussão, o
pop, o hip hop, o eletrônico, o rock, o baião, o coco e a embolada, o
samba e o maracatu, "bom pra mim e bom pra tu", as raízes da cultura
nordestina, trazendo da lama ao caos e do caos à lama o seu manifesto de
caranguejos com cérebro.
A primeira vez
que ouvi Chico Science, lá no começo dos anos 90, foi através de
Franklin Júnior, cineasta pernambucano, da equipe de produção de Corisco e Dadá, filme de Rosemberg Cariry, onde fiz assistência de
direção. Mostrou-me uma fita k-7 e não parava de falar entusiasmado com a
novidade de seu Recife. Fui à Nação Zumbi e não parei mais de ouvir a
afrociberdelia desse moço com seu chapéu coco e enormes óculos escuros.
Hoje, 2 de fevereiro, dia de Iemanjá, a quem peço as bênçãos neste meu
mês aquariano, faz 18 anos que tinha um poste no meio do caminho de
Chico Science. Cara, você só tinha 30 anos! Sua máxima, Chico, vai na
contramão da nossa saudade: você está no mesmo lugar dentro de nós que
continuamos com sua música.
Nenhum comentário:
Postar um comentário