Foto: Ana Lontra Jobim, 1987
Em 1999, uma lei federal alterou a denominação do maior aeroporto do Rio de Janeiro para Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim. A ideia de homenagear o compositor foi do pesquisador e crítico musical Ricardo Cravo Albin.
A emblemática canção Samba do avião", que cita o então popularmente chamado Aeroporto do Galeão, foi composta por Tom Jobim para o filme Copacabana Palace, coprodução franco-ítalo-brasileira, dirigido por Steno, filmado em 1961, lançado no ano seguinte. Nos letreiros de abertura, sobre imagens do Rio, a interpretação em português da cantora italiana Jula de Palma. As primeiras gravações foram de Elza Laranjeiras, no LP A música de Jobim e Vinicius (1962) e de Os Cariocas, em A bossa dos Cariocas (1963). O grupo cantara na festa da estreia do filme, acompanhando o autor em um show no restaurante Au Bom Gourmet, em Copacabana.
E que ironia ter um aeroporto com seu nome: Tom Jobim tinha pavor de viajar de avião! Consta que compôs a música sem nunca ter entrado numa aeronave. Só o fizera, a muito custo, em novembro de 1962, quando foi a Nova York para o Festival de Bossa Nova no Carnegie Hall, com João Gilberto.
Apesar de citar o Galeão, o cenário visto lá de cima que a letra descreve, está mais para os céus do Aeroporto Santos Dumont. Mas os voos internacionais eram na pista da Ilha do Governador e no filme o avião chega de Roma. Jobim imaginou tudo.
A letra relata os momentos de fobia que o maestro sentiria sempre. Disfarçando o temor e a ansiedade de chegar logo em terra firme, Tom exalta as belezas da cidade maravilhosa, “estou morrendo de saudades / Rio, seu mar / praia sem fim”, e alivia-se ao ver de longe o “Cristo Redentor / braços abertos sobre a Guanabara”, enquanto o avião oscilava as asas para a aterrissagem, pensava na morena “com seu corpo todo a balançar”.
Dá para imaginar o sorriso de conforto do maestro quando ouve a aeromoça anunciar “aperte o cinto, vamos chegar”. A canção termina como a chegada de um pássaro, “água brilhando, olha a pista chegando / e vamos nós / pousar...”
Tom Jobim faleceu em 1994, no Hospital Mount Sinai Medical Center, em Nova York, onde foi se tratar de um tumor na bexiga. Eram 10h da manhã (no horário do Brasil) de 8 de dezembro quando ele sofreu uma parada cardíaca. Às 19h seguiu para o aeroporto JFK e fazer sua última aterrissagem no Galeão.
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