Foto: Edward Kaprov, 2015
Acusado de “traidor” por Israel, o escritor Amós Oz mantinha-se contra invadir territórios e bombardear civis em nome do que o país chama de “seu Deus”. Dizia que sua qualificação para discutir política era ter ouvido para as palavras, e que “ergo minha voz e grito sempre para combater uma linguagem corrompida.” Foi um dos criadores do Movimento Paz Agora, em que advogava pela solução de dois estados, Israelense-Palestino.
Seus livros são apaixonantes, como os de ensaios sobre questões políticas, In the land of Israel (1986) e Israel, Palestine and peace: Essays (1995); os romances A caixa preta (1987), Pantera no porão (1999), o último, de 2014, Judas, onde através do amor entre um jovem estudante e uma bela e misteriosa garota, questiona as guerras e a fundação de Israel.
Na autobiografia Um conto de amor e trevas (2003), em mais de 600 páginas 120 anos de memória de sua família, com suas dores, vitórias e paradoxos que se alinham à turbulenta história de seu país. Considero a que tem a densidade mais definida e reflexiva de toda sua obra. Em 2005 a atriz Natalie Portman estreou na direção com De amor e trevas, adaptando e admiravelmente surpreendendo com imagens a literalidade narrativa do compromisso do autor com as palavras. Livro e filme traduzem bem o sobrenome que o escritor adotou (ao deixar o de batismo, Klausner): força e coragem, o significado de Oz em hebraico.
Amós faleceu na manhã de 28 de dezembro de 2018, aos 79 anos. Enfrentava outra luta, contra um câncer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário