(Que haverá do Outro Lado, meu Deus?)
Mas também não tenho muita pressa...
Porque neste nosso mundo há belas panteras, nuvens, mulheres belas,
Árvores de um verde assustadoramente ecológico!
E lá - onde tudo recomeça -
Talvez não chova nunca,
Para a gente poder ficar em casa
Com saudades daqui...
- poema de Mario Quintana, publicado no livro Velório sem defunto, 1990.
Na foto acima, de Liane Neves, o poeta sem muita pressa na sua Travessa dos Venezianos, Porto Alegre, 1986, oito antes de seguir para o outro lado, no dia 5 de maio de 1994, no Hospital Moinho de Ventos.
- Naquele ano da foto, com Sarney na presidência da República, foi lançado o Plano Cruzado em fevereiro, estabelecido o congelamento de preços;
- a 8ª Conferência Nacional de Saúde nasceu como um marco na história do Sistema Único de Saúde, o SUS;
- a Lei de Incentivo à Cultura é sancionada pelo governo federal;
- o Brasil firma com a Argentina os acordos econômicos de integração mútua, base da futura criação do Mercado Comum do Sul (Mercosul);
- foram realizadas as eleições gerais para governadores, senadores, deputados federais e estaduais;
- até no espaço o Brasil aparecia lançando o segundo satélite de comunicações, Brasilsat A2;
- e um dos "maiores" sustos que tivemos da natureza foi um terremoto de 5,3 graus na Escala Richter no sertão de João Câmara, no Rio Grande do Norte.
Se não era ainda o Brasil que desejávamos depois de mais de duas décadas de ditatura militar, era o que estávamos querendo mudar. Nem se compara com era tosca implantada com a eleição de 2018, com a alma sebosa e seu desgoverno genocida.
Relendo poema de Quintana, entendemos porque ele não tinha pressa de ir para o Outro Lado.
E o lado cá hoje mais triste com a partida do querido Paulo Gustavo.
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