domingo, 30 de maio de 2021
guarde uma frase pra mim dentro de sua canção
sábado, 29 de maio de 2021
o profeta do cinema
“A noite com seus sortilégios”, como dizia Manuel Bandeira, levou o cineasta Maurice Capovilla neste final de sábado. Capô, como todos carinhosamente o chamávamos, tinha 85 anos e não resistiu às complicações de uma doença pulmonar.
this is the end
"Não olhe para a câmera, continue lutando!", bradava o maestro Francis Ford Coppola regendo o fim do mundo nas filmagens de Apocalipse Now, clássico do cinema contemporâneo, 1979.
Filmado em 17 semanas, em uma produção literalmente de caos, com locações fieis nas Filipinas, equipe numerosa enfrentando chuvas, tufões destruindo cenários, elenco trocado com horas de cenas rodadas, atores infartados e insubstituíveis, orçamento estourado, Apocalipse é baseado no denso e tenso romance Heart of Darkness, de Joseph Conrad, mas teve roteiro alterado, distanciando-se da obra literária.
Coppola mais do que manteve, ampliou a essência do pânico, o que o horror da guerra é capaz de provocar na mente humana. O filme denuncia a brutalidade e a supremacia norte-americana sobre o mundo. E isso não é pouco.
sexta-feira, 28 de maio de 2021
corpo e alma
foto Acervo Folhapress, 1975
"Quando tiraram os pontos de minha mão operada, por entre os dedos, gritei. Dei gritos de dor, e de cólera, pois a dor parece uma ofensa à nossa integridade física. Mas não fui tola. Aproveitei a dor e dei gritos pelo passado e pelo presente. Até pelo futuro gritei, meu Deus."
você me dá bandeiras
33 anos hoje sem os casarios iluminados, as janelas abertas, as bandeiras juninas, as cores ao vento do pintor ítalo-brasileiro Alfredo Volpi, o poeta do abstracionismo geométrico.
quinta-feira, 27 de maio de 2021
a mais alta patente do samba
foto Joaquim Corrêa, 2015
Na noite de 25 de junho de 2015 Nelson Sargento entrou no palco do Teatro da Caixa Cultural, em Brasília, após a abertura instrumental do grupo Galo Preto. Pequeno, franzino, com passos vagarosos, mas firmes, o compositor, com a elegância suprema da simplicidade, levantou a plateia em aplausos.
quarta-feira, 26 de maio de 2021
todos os acordes
foto Acervo Arquivo Nacional
Severino Dias de Oliveira, paraibano, o Sivuca, o maestro, o compositor, o cantor, o multi-instrumentista... o sanfoneiro.
segunda-feira, 24 de maio de 2021
a perfeição é uma meta
três mães
domingo, 23 de maio de 2021
cachorrinho triste numa manhã de sábado...
Da série para o projeto ©Paredes Descascadas
sexta-feira, 21 de maio de 2021
o primeiro espelho
Repostando para sempre lembrarmos dos grandes nomes da literatura brasileira. Este país é também inteligência, beleza, coragem. E não podemos sucumbir à barbárie institucionalizada.
quinta-feira, 20 de maio de 2021
é você que ama o passado...
"Belchior", em bom português, é uma profissão, mercador de objetos velhos e usados, como bem explica o verbete do Dicionário Aurélio. Aquela pessoa que compra de tudo, que vende de tudo.
quarta-feira, 19 de maio de 2021
Catarina do Alentejo
Repostando para lembrarmos na história a sempre necessária luta contra o fascismo.
O texto faz parte do meu livro ©Crônicas do Olhar que será lançado pela Editora Radiadora.
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Em Alentejo, a linda região no centro-sul de Portugal, as paisagens estendem um paraíso de olivais e vinhas, alongam-se em aldeias pitorescas, prados cheios de flores e florestas que respiram beleza.
Mas um fato histórico marca com sangue esse cenário. No dia 19 de maio de 1954 foi brutalmente assassinada a jovem camponesa Catarina Eufémia, de apenas 26 anos.
Naquela década, Portugal vivia sob a ditadura de Antonio Salazar, que perdurou de 1932 a 1968, governando nos moldes do fascismo, apoiado pela doutrina social do catolicismo, exercendo o nacionalismo autoritário, orientado pelo corporativismo de Estado.
Catarina Eufémia era uma trabalhadora agrícola no Baixo Alentejo, assim denominada a região onde a capital é Beja. Ceifeira, como centenas de compatriotas, com três filhos pequenos, ajudava no sustento da casa na colheita de cereais, amendoais, ervas.
A luta por melhores condições de trabalho e salário digno vinha se intensificando desde a década de 40. Greves decorreram. As mulheres cada vez mais participativas nas reivindicações.
Naquele dia 19, uma manhã de quarta-feira, Catarina uniu-se a treze trabalhadoras para conversar com o feitor da propriedade, obter um aumento de apenas dois escudos em suas exaustivas jornadas. A Guarda Nacional Republicana foi acionada, junto com agentes da PIDE, a polícia política salazarista, para reprimir as grevistas. Um tenente de nome Garrajola interpelou o grupo de mulheres perguntando o que elas queriam.
- Quero apenas pão e trabalho – respondeu Catarina, de imediato e destemida.
O militar considerou a resposta insolente e deu-lhe uma bofetada, jogando-a no chão. Catarina levantou-se, e altiva, disse, desafiando-o:
- Já agora mate-me.
O tenente disparou três tiros lhe espedaçando os ossos.
Há pelo menos três bons livros, A Morte no Monte - Catarina Eufémia, de Jose Miguel Tarquini, 1974, Anatomia dos Mártires, de João Tordo, 2013, e O assassino de Catarina Eufémia, de Pedro Prostes da Fonseca, 2015, que abordam de forma biográfica, romanceada e até investigativa, o que aconteceu naquele dia, o que antecedeu na vida de Catarina Eufémia e o que sucedeu na história, tornando-a símbolo da luta contra a exploração e a repressão, uma lenda da resistência antifascista pelo Partido Comunista Português, sem ter sido militante.
Conta-se que além de estar com um dos filhos no colo, de oito meses, que se machucou na queda no confronto com o tenente, Catarina estaria grávida. "Não foi uma, foram duas mortes!", gritaram os trabalhadores diante o corpo no dia do enterro. O relato da autópsia, com os detalhes dos estragos que as balas à queima-roupa fizeram é chocante.
Poetas portugueses como Sophia de Mello Breyner, Eduardo Valente da Fonseca, Francisco Miguel Duarte, José Carlos Ary dos Santos, e tantos outros, dedicaram belos e doloridos poemas em memória de Catarina Eufémia.
Um deles, Cantar Alentejano, de Antonio Vicente Campinas, foi musicado por Zeca Afonso em 1971, uma bela canção réquiem gravada no disco Cantigas de maio.
“Acalma o furor campina / que o teu pranto não findou / quem viu morrer Catarina / não perdoa a quem matou”, lembra um trecho do poema.
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Na foto de André Paxiuta, ilustrativa para esta postagem, o olhar desconhecido de uma transeunte cruza o olhar de Catarina estampado na parede da memória em sua cidade, Baleizão. Os verdejantes ventos de Alentejo 67 anos depois sopram o pão de sua história. Catarina, ceifeira, retirava o trigo do chão. Catarina, ceifada em seu trabalho, é semente, fecundou o chão.
segunda-feira, 17 de maio de 2021
o múltiplo Serjão
- O que é mesmo que você vai me perguntar? - indaga o compositor e artista plástico Sérgio Pinheiro.
sábado, 15 de maio de 2021
o melhor dos temporais aduba o jardim
Parafraseando os versos do
clássico poema de Drummond, remeto-me ao começo de 2011 quando o Centro
Cultural Banco do Brasil iniciou o projeto Anjos Tortos – A MPB Gauche na
Vida, em que homenageava vários cantores e compositores da música brasileira
que têm como característica, e não necessariamente “rótulo”, a originalidade
movida pela liberdade em suas criações, sem sucumbir aos ditames da indústria
fonográfica para fazer “sucesso”.
Entre esses anjos enviesados
merecidamente glorificados pelo projeto, Sergio Sampaio foi surpreendentemente
celebrado na voz de Eugênio Avelino, o conhecido Xangai. Qualquer estranheza inicial
causada com a relação distinta no estilo, comportamento e proposta musical
entre os dois artistas, foi desfeita em uma hora e meia de show. Tinham tudo a
ver e ouvir.
Xangai com a afinadíssima viola e
sozinho no palco, com sua belíssima e singular voz de canário, conquistou a
plateia, na sala do CCBB em Brasília, cantando as canções do amigo. Padrinho do
filho de Sergio Sampaio, João, Xangai contou “causos” quando os dois moraram
juntos no Rio de Janeiro, no começo da carreira, quando um se preparava para
colocar o bloco na rua e o outro nem imaginava um grande encontro com Elomar,
Geraldo Azevedo e Vital Farias.
A relação de saudável compadrio
através da sensibilidade que os uniu ao longo do tempo, foi exposta e ilustrada
em melodias e histórias naquele show. Na voz de Xangai a essência e o
significado da música que Sérgio Sampaio imprimiu no cancioneiro brasileiro. O
canto agreste do baiano soube muito bem incorporar a fúria modernista do compositor
capixaba.
Sérgio Sampaio, de certa forma, foi ofuscado pelo próprio sucesso de “Eu quero é botar o meu bloco na rua”, involuntariamente lançada como uma moderna marcha-rancho de carnaval, em 1973, e por outro lado, sem muito interesse da mídia que o via como um magrelo esquisito, largado na vala comum dos malditos em plena ditadura militar, mais condescendente ao romantismo nem bossa nova nem rock-and-roll do epônico rei da juventude.
De 1982, quando lançou seu último
disco de estúdio, Sinceramente, até os anos 90, o cantor viveu totalmente
afastado da mídia, em autoexílio reflexivo, quieto em suas perplexidades,
morando nesse período crepuscular entre Brasília, Bahia, Espírito Santo e Rio
de Janeiro. Uma de suas mais belas composições, Ninguém vive por mim,
penúltima faixa do lado B do seu segundo disco, Tem que acontecer, de 1976, é
uma espécie de manifesto íntimo, uma cartografia de seu perfil, um mapeamento do
coração como artista neste país sempre ameaçado pelo memoricídio.
Em 1993 Sérgio Sampaio realizou
um dos seus últimos shows no palco do Cine Metropolis da Universidade Federal
do Espírito Santo. Sozinho, num banquinho e violão, acompanhado em três músicas
pelo amigo Zé Moreira, o cantor apresentou dezessete canções de seu rico
repertório. Gravado em mídia VHS pelo cinegrafista Talmom Jr., é um dos mais
importantes registros de Sérgio Sampaio.
Animado com uma certa repercussão
de seu trabalho, regravações por outros cantores, preparava o retorno com um
disco de canções inéditas, que seria gravado pela paulista Baratos Afins, em
1994. Mas no dia 15 de maio daquele ano, com a saúde agravada por pancreatite,
o cantor faleceu aos 47 anos.
Abaixo, um trecho
do show. O “boêmio cantor da lua / doido que não se situa” e a sintomática
canção que citei. “Fui procurar viver além de mim”, diz em um dos versos.
Íntegro, não se entregou. Foi o melhor dos nossos temporais.
quinta-feira, 13 de maio de 2021
a madrugada de Chet Baker
Em 1985 o trompetista e cantor de jazz Chet Baker esteve no Brasil para apresentações no Free Jazz Festival, Rio de Janeiro, e no Palace, casa de shows em São Paulo, hoje extinta.
quarta-feira, 12 de maio de 2021
"...e amores que estendem os braços..." *
* digo no poema Ventania, publicado no meu primeiro livro Roteiro dos pássaros, Editora Lourenço Filho, 1981.
terça-feira, 11 de maio de 2021
all be right
Na filosofia rastafari, o corpo é um templo intocável, que não se pode alterar, modificar. Uma das características desse pensamento são as barbas crescidas e os cabelos dreadlocks.
segunda-feira, 10 de maio de 2021
canções permanentes para uma poesia provisória
Eliana Guedes, produtora e apresentadora do programa musical Mulheres da América, de Porto Alegre, RS, pela web Radio Elétrica, selecionou dez poemas do meu livro "Poesia Provisória", Editora Radiadora, 2019.
domingo, 9 de maio de 2021
o segundo domingo de maio
Poema da polonesa Wislawa Szymborska, escrito em 1967, publicado no livro Sto Pociech.
sábado, 8 de maio de 2021
mais um ano
sexta-feira, 7 de maio de 2021
na casa de Aurélia
"No Lugar ArteVistas no Youtube. Hoje. 19h. Live da Casa D'Aurélia.
a cantora do amor demais
"Rua Nascimento Silva, cento e sete / você ensinando pra Elizete / as canções de canção do amor demais..."