sexta-feira, 5 de março de 2021

o educador musical


foto Acervo Museu Villa-Lobos

Em 1930 o compositor Heitor Villa-Lobos chega ao Brasil depois de uma de uma temporada de três anos em Paris, onde organizou concertos, apresentou suas composições em diversos recitais, regeu orquestras e viajou às principais capitais da Europa, impressionando as plateias com sua música que mesclava de forma ousada e encantadora, o clássico com o popular, o folclórico com o erudito, o amálgama da influência de Bach com as cantigas de viola, o reisado, o frevo, o choro.

No começo dos anos 20, quando esteve pela primeira vez na França, Villa-Lobos já impressionara com suas composições de temática nacionalista e modernista, com a bravura vanguardista musical. Ele acabara de participar da Semana de Arte Moderna, onde seu trabalho revelou uma forte sintonia e um crescente afinamento conceitual.
Não à toa, a modernidade de suas criações provocou reações diversas e adversas nas resenhas e críticas dos jornais. Afinal, misturar a especialíssima música de um compositor oriundo do Sacro Império Romano-Germânico, do século 18, como Johann Sebastian Bach, com a riquíssima música caipira do universo rural brasileiro, é prova autêntica de renovação de linguagem e de liberdade criativa na ruptura.
Um dado marcante na história de Villa-Lobos se deu justamente no citado retorno ao Brasil. Era o início do primeiro período da Era Vargas. O compositor apresentou à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo um projeto inovador de educação: introduzir o ensino de música e canto coral nas escolas públicas, o que foi aceito de imediato.
Anísio Teixeira, um dos pioneiros na educação no Brasil, à época secretário da pasta no Distrito Federal, convidou o músico para instalar o programa no Rio de Janeiro, então capital do país. A partir daí é criada e dirigida por Villa-Lobos a Superintendência de Educação Musical e Artística, e em seguida o Conservatório Nacional de Canto Orfeônico.
E assim, a música se espalhou nos currículos das escolas públicas brasileiras, elaborando diretrizes para o ensino do canto, formando candidatos ao magistério, promovendo trabalhos de musicologia, além de realizar gravações de discos. Uma maravilha!
Hoje é aniversário de nascimento de Villa-Lobos, 134 anos, um carioca de Laranjeiras com cara musical de um Brasil inteiro. Por ocasião da data, comemora-se o Dia Nacional da Música Clássica.

A ideia da homenagem foi da empresa de comunicação VivaMúsica, da jornalista Heloísa Fischer, e em 2005 lançaram uma enquete entre os profissionais da área de música clássica. Villa-Lobos foi o escolhido, vencendo o compositor de ópera Carlos Gomes e José Maurício Nunes Garcia, maestro e padre do século 19.
Oficializado Patrono da Música Clássica no Brasil, por meio de dispositivo do prefeito fluminense Cesar Maia, em 2007, a data entrou para o calendário por iniciativa do deputado estadual Alessandro Molon, em seu primeiro mandato pelo PT. Dois anos depois, no segundo governo do presidente Lula, foi assinado o decreto que tornou a celebração nacional.
Outros tempos! O ministro da Cultura era
Juca Ferreira
, que sucedeu a Gilberto Gil, e a Terra era redonda.
foto Acervo Museu Villa-Lobos

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