Os desenhos contam histórias ambientadas em um continente imaginário, em situações que remetem ao surrealismo do cinema de Buñuel com o universo metafísico de Jorge Luis Borges e traços de ficção futurista do século 19 de Julio Verne. Mas todas referências bifurcam nas avenidas das metrópoles em que vivemos.
E atento, François Schuiten ilustra e atualiza estes terríveis tempos pandêmicos sobre o planeta que padece desde março de 2020.
No Brasil, nos dados de hoje, 15 de março, 11.483.370 casos de Covid-19, muitos em macas, afogando-se no seco, nos corredores à espera de leitos, mais de 2.000 mortos no intervalo das últimas 24 horas, 278.229 famílias enlutadas, chorando seus parentes, amigos e vizinhos que não voltam mais.
Isolamento que dói é uma cama de UTI, ficar em casa, quando podemos, é uma benção diante a impotência de ver os que não têm onde ficar, entre a revolta do país estar entregue a essa alma sebosa demente na presidência, essa cara de cão com seu desgoverno genocida, com seus assessores delirantes na mesma ala da estupidez e poderes legislativo e judiciário fracalhões e vendidos, seu rebanho de seguidores desmascarados fazendo barulho contra isolamento nas portas dos hospitais, sem empatia com a dor alheia que sai nos jornais, agredindo os desesperados com as cores verde e amarela usurpadas, debochando os que no recolhimento se apegam a algum insumo de esperança que arrancam não sabe de onde.
Cuidem de si e dos outros. A vacina ainda é uma esperança em conta-gotas.
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