segunda-feira, 15 de março de 2021

cidades obscuras


Les cités obscures é uma série de desenhos criada pelo escritor francês Benoît Peeters e o desenhista belga François Schuiten, publicada em forma de novela gráfica, lançada pela primeira vez nos anos 80.
Os desenhos contam histórias ambientadas em um continente imaginário, em situações que remetem ao surrealismo do cinema de Buñuel com o universo metafísico de Jorge Luis Borges e traços de ficção futurista do século 19 de Julio Verne. Mas todas referências bifurcam nas avenidas das metrópoles em que vivemos.
E atento, François Schuiten ilustra e atualiza estes terríveis tempos pandêmicos sobre o planeta que padece desde março de 2020.
No Brasil, nos dados de hoje, 15 de março, 11.483.370 casos de Covid-19, muitos em macas, afogando-se no seco, nos corredores à espera de leitos, mais de 2.000 mortos no intervalo das últimas 24 horas, 278.229 famílias enlutadas, chorando seus parentes, amigos e vizinhos que não voltam mais.
Isolamento que dói é uma cama de UTI, ficar em casa, quando podemos, é uma benção diante a impotência de ver os que não têm onde ficar, entre a revolta do país estar entregue a essa alma sebosa demente na presidência, essa cara de cão com seu desgoverno genocida, com seus assessores delirantes na mesma ala da estupidez e poderes legislativo e judiciário fracalhões e vendidos, seu rebanho de seguidores desmascarados fazendo barulho contra isolamento nas portas dos hospitais, sem empatia com a dor alheia que sai nos jornais, agredindo os desesperados com as cores verde e amarela usurpadas, debochando os que no recolhimento se apegam a algum insumo de esperança que arrancam não sabe de onde.
Cuidem de si e dos outros. A vacina ainda é uma esperança em conta-gotas.

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