“La poesía no quiere adeptos, quiere amantes.”
Uma das célebres frases do poeta espanhol Federico Garcia Lorca, que fez da poesia sua companhia por todos os seus curtos e intensos 38 anos de vida, até ser assassinado pelo regime fascista de Franco em 1936. Na Espanha católica reacionária e do machismo patriarcal da época, ele foi perseguido por suas posições políticas, pelo seu pensamento libertário e por sua homossexualidade.
Sua obra de beleza e resistência está magnificamente bem expressa em poesia, prosa e teatro, como, por exemplo, no ótimo Poeta em Nova Iorque, publicado postumamente em 1940, em que ele manifesta em versos cortantes a repulsa à brutalidade da “civilização mecanizada” da metrópole da América. Lorca estudou por nove meses, entre 1929 e 1930, na Universidade de Columbia. Foi o tempo suficiente que suportou viver na cidade que ele chamava de uma “Senegal com máquinas”, pois, como escreveu em carta aos familiares, “Paris causou uma grande impressão em mim, Londres muito mais e agora Nova York me atingiu como um golpe na cabeça."
Uma suposta foto de Lorca sendo fuzilado no pátio da cadeia, replicada há tempos pela internet, vai na contramão dos fatos que estudiosos, pesquisadores e biógrafos defendem. Nem sequer o físico do homem recitando o último poema antes de ser abatido condiz com o do poeta de Andaluzia. Para os historiadores é uma aberração com a história de Lorca.
Os franquistas não o expuseram como fizeram com outros intelectuais. Prenderam-no na surdina da madrugada, mataram-no e jogaram o corpo em vala comum para que a memória seguisse junto.
A foto acima é umas das colagens feitas pelo poeta, exposta na Fundação que leva o seu nome, em Madri. Presidida por sua sobrinha, Laura Garcia-Lorca de los Rios, a organização reúne mais de duas mil páginas manuscritas de poesia, prosa e drama, centenas de cartas, milhares de fotografias, uma biblioteca pessoal de 5000 volumes, e uma expressiva quantidade de recortes de jornais...
Ao contrário da vala comum onde estão os adeptos da estupidez, a poesia se eterniza no coração dos que amam.
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