Foto: Acervo Arquivo Nacional
Em 1940, o escritor, ensaísta e dramaturgo Oswald de Andrade apresentou sua candidatura à Academia Brasileira de Letras. Quinze anos antes tentou e não conseguiu. E dessa vez a intenção vinha caracterizada por polêmicas, pois o modernista acusava frontalmente a instituição de antidemocrática. Definia sua postulação como um desafio à ordem e necessidade de renovação.
Provocador, intempestivo, anárquico, Oswald enviou junto com a inscrição uma carta ao presidente da Academia, Celso Vieira, onde, entre outras afrontas, pergunta se “Será V.S. um dos membros da quinta-coluna, que camuflados no fardão, sabotam aí dentro, as magras conquistas do espírito brasileiro?”. E para fazer alarde, manda o texto para os jornais, anexando uma fotografia segurando uma máscara contra gazes asfixiantes, que usou na França um ano antes, durante o ataque nazista. Com a insólita imagem, questionava a sensibilidade e empatia de Vieira com a possibilidade dos imortais em Paris terem como destino o campo de concentração. “Ou será V. S. daquelas teimosas velhas de Botafogo que ainda acreditam no pavoneio dos títulos literários, roubados aos verdadeiros trabalhadores da cultura?”, alfineta no final.
Oswald de Andrade perdeu para Manuel Bandeira. Teve apenas um voto, de Cassiano Ricardo, autor do consagrado Martim Cererê. O isolamento foi ferrenho. Menotti del Picchia desistiu da candidatura em favor ao poeta pernambucano.
Como escreveu em um artigo no Correio da Manhã sobre sua candidatura, “Um paraquedista que se lança sobre uma formação inimiga, cujo destino único é ‘ser estraçalhado’”.
Hoje, 134 anos de seu nascimento. Imortal.
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