sábado, 6 de janeiro de 2024

o santo rei


Foto: TV Vanguarda, São José dos Campos, 2014

Márcio Leonardo Sossio compôs a canção A festa de Santo Reis, não exatamente em louvação aos três Magos, e sim ao rito comemorativo de 6 de janeiro, A Folia de Reis, que marcou sua infância, entre a capital paulista, onde nasceu, e o município Tanabi, onde tinha parentes.
Márcio achava que a celebração que une no mesmo cântico folclore e religiosidade, com os grupos de reisado pelas ruas tocando sanfona e violão e os pandeiros de fita nas mãos, andava meio esquecida. Ele tinha apenas 17 anos e guardou a canção como quem guarda uma prece para o futuro. Era um dos adolescentes que amavam os Beatles e os Rolling Stones e acompanhava os festivais de música popular brasileira.
Em 1970 passou a frequentar uma boate na noite paulistana, a Cave, vendo ali uma oportunidade de se apresentar, mostrar suas composições. Por lá cantavam Jorge Ben, Erasmo Carlos, Sérgio Reis, Herondy, Cassiano e, entre outros com um balanço que mesclava samba e soul, um jovem que acabara de chegar de uma temporada nos Estados Unidos, Tim Maia, de quem ficou amigo. O cantor morou um tempo na casa de Leonardo, que lhe mostrou algumas canções entre conversas noites a dentro.
Atraído pela vida no campo, foi morar numa comunidade no interior de Pernambuco, e Tim Maia seguiu para o Rio de Janeiro, assumir a função de síndico no condomínio Brasil. Em 1971 Marcio Leonardo ouviu no rádio sua composição sobre a festa dos Reis. Procurou de imediato o telefone do Tim.
- Onde é que você está, mermão?! Tem grana boa aqui pra você! - Disse o cantor com aquele vozeirão, antes que o amigo pedisse explicações.
A música abre o disco, o segundo de Tim, onde tem outros sucessos como Você e Não quero dinheiro, só quero amar. Márcio Leonardo continuou amando e querendo sua parte nas vendas. O ouro merecido, não somente incenso e mirra do Oriente.
Mesmo com o dinheiro que passou a receber dos direitos autorais, Márcio Leonardo não seguiu carreira artística e preferiu continuar com trabalhos ligados à natureza. Viveu até 10 de junho de 2021 na região verde de Santo Antônio do Pinhal, município próximo a Campos do Jordão, onde faleceu aos 74 anos. Tinha uma pousada e era conhecido como o ambientalista Márcio Branco.

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