“O cinema brasileiro foi elevado
a uma categoria semelhante à da literatura, que é a mais tradicional das formas
de identidade da nossa cultura.”
O cineasta Nelson Pereira dos
Santos, explicando sua eleição à Academia Brasileira de Letras, em 2006,
ocupando a cadeira nº 7, na vaga deixada pelo embaixador Sérgio Corrêa da
Costa, cujo patrono é Castro Alves. Foi o primeiro cineasta brasileiro a se tornar
membro da Academia.
À época Nelson era autor de um
único livro, Três vezes Rio, onde reúne os roteiros dos filmes
Rio 40º, de 1954, sua estreia em longa, Rio Zona Norte,
1957, e O amuleto de Ogum, 1974. Entusiasmado com a "imortalidade",
preparou uma série de livros com roteiros filmados...
O cineasta partiu para outros
sets há exatamente um ano, aos 89... O cinema em lágrimas. A tenda sem
milagres. A vida mais seca.
E numa curiosa simetria do tempo,
Nelson, antes de vestir o fardão, lançou o filme "Brasília 18%" no
dia 21 de abril daquele ano, por ocasião do aniversário da Capital.
Foi seu último trabalho de
ficção, e narra uma história de amor tendo como pano de fundo uma situação da
política nacional. A porcentagem do título não se refere a algum acordo de
propina, ou coisa parecida, e se fosse faria sentido, levando em conta a
ambientação do enredo naqueles tempos de mensalão... O título remete à umidade
relativa do ar, que no meio do ano, fica bastante abaixo do normal em Brasília.
E mais coincidência: foi 18º
longa do cineasta.
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