Em novembro de 1957 o cantor e trompetista Louis Armstrong esteve no Brasil para uma turnê com shows em São Paulo e Rio de Janeiro, então Capital Federal. Foi recebido pelo presidente Juscelino Kubitschek, encontrou-se com o ator Grande Otelo, os cantores e compositores Dorival Caymmi, Elizete Cardoso, Lamartine Babo, Fernando Lobo, foi homenageado com um banquete no Palácio Laranjeiras, onde cantou acompanhado por Sivuca... mas foi o maestro, flautista, saxofonista, compositor Pixinguinha que o músico norte-americano mais a afinou amizade.
A clássica foto abaixo, um flagrante histórico de Luis Edgardi, da revista O Cruzeiro, simboliza bem o dia em que o jazz e o chorinho se encontraram.
Hoje é aniversário de nascimento de Pixinguinha, data escolhida para comemorar o Dia Nacional do Choro, gênero que mescla princípios da música africana e europeia, como a polca, e expressa uma melancolia resultante dos elementos e modulações de sons plangentes.
Naqueles meados do século 19, quando o já denominado choro entra na nossa cena musical, era tocado por instrumentistas de bandas militares, e, principalmente, por operários da indústria têxtil e funcionários públicos. Pixinguinha trabalhava nos Correios, e tornou-se o maior compositor do gênero, apresentando-se nos cabarés da Lapa e teatros de revista, acompanhando cantores como Mário Reis e Francisco Alves, e participou de vários grupos instrumentais como Caxangá, Oito Batutas e o regional de Benedito Lacerda.
Quando compôs Carinhoso, em 1917, Pixinguinha foi criticado por ser influenciado pela forma sincopada do jazz. Ele não se incomodou com o tom dessas observações, sabia que a variedade melódica, harmônica e rítmica de cada um dos gêneros tinha origem na cultura popular, na fascinante criatividade das comunidades negras.
Pixinguinha e Armstrong devem ter conversado muito sobre isso no encontro nos jardins do Palácio do Catete, onde a foto foi feita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário