foto autor e data desconhecidos
Mário Faustino e Dylan Thomas, dois gênios, um lá, outro cá. Faustino, nosso dândi enviesado, parido nas quenturas do Piauí, poeta da terceira geração do Modernismo, apenas um livro publicado, traduziu poemas de Thomas, nascido no friorento e cinza País de Gales, autor de versos difíceis para verter noutra língua.
Dylan Thomas era outro anjo torto. Bebia pra caramba. Homem de gestos largos, teatral na recitação dos seus poemas, e quando foi para os Estados Unidos, no começo dos inquietos anos 50, tornou-se uma espécie de inspiração para aquela turma da geração beat que aprontava todas. Tanto foi que um moço batizado Robert Allen Zimmerman, que veio a ser um profeta da música folk-rock americana, passou a se chamar Bob Dylan em sua homenagem.
foto Lee Miller, 1946
Lá mesmo em Nova Iorque, Dylan, o bardo galês, afogou-se em intermináveis doses de uísque e se foi aos 39 anos.
Mário provocava a morte de outra maneira. Pegue qualquer poema dele e encontrará um desafio, uma incitação, ou mesmo um louvor, à indesejada das gentes, como dizia Bandeira. Mas sua poesia é pulsante, é vivíssima, "maravilha do vento soprando sobre a maravilha de estar vivo", como bradava em uma de suas obras.
Faustino, também jornalista, viajava a trabalho para Cuba e México quando o avião explodiu sobre os Andes. Tinha 32 anos e muitos poemas para terminar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário