“Eu nunca quis ser uma estrela de cinema, porque acaba com a privacidade. Eu sou um escritor, preciso de privacidade.”
O ator e diretor Sam Shepard nunca se sentiu muito à vontade como um galã que Hollywood tentou fazê-lo. Seu trabalho em quase cinquenta filmes revelou muito mais um grande intérprete do que um astro.
E foi como escritor de contos, ensaios, poemas, e dramaturgo com mais de 44 peças, que sempre se dizia um criador, um artista que mergulhava com intensidade nas questões do ser humano com sua angústia e esperança. O Prêmio Pulitzer de Teatro em 1979 por Buried Child, foi um justo reconhecimento como um dos maiores autores de sua geração. Sam retrata na peça a desaceleração econômica rural dos anos 70 e a ruptura das estruturas e valores familiares tradicionais.
A mesma fragmentação da família em um contexto de desilusão com a mitologia do sonho americano, encontra-se na escrita quase minimalista dos roteiros de sete filmes, com destaque para quatro obras impecáveis: Zabriskie Point, de Michelangelo Antonioni, Paris, Texas e Estrela solitária, (Don't come knockin), de Wim Wenders, Louco de amor (Fool of love), de Robert Altman.
Foi na privacidade de sua casa em Midway que Sam Shepard, aos 73 anos, não resistiu às complicações de uma doença degenerativa em julho do ano passado.
Acima,Shepard em uma cena da série para TV Bloodline, 2015. Foto ©Saeed Ayani,