Boa parte dos mais importantes filmes brasileiros realizados entre 1968 e 1985 - cerca de 300 - teve o cartaz criado num estúdio no Rio de Janeiro por um artista gaúcho, o discreto José Luís Benício da Fonseca, ou apenas Benício. Chegou a fazer mais de trinta por ano. A lista vai de "A madona de cedro", 1969, e "Independência ou morte", 1974, ambos de Carlos Coimbra, "O casamento", 1975, de Arnaldo Jabor, "Dona Flor e seus dois maridos", 1976, de Bruno Barreto, até o recente "Pelé Eterno", de Aníbal Massaini, rodado em 2004.
Benício produziu também os pôsteres de todos os filmes de Os Trapalhões feitos de 1974 a 1991. Precisamente, fez 31. Mas foi no gênero pornochanchada que mais atuou e acabou por se tornar o ícone de uma época e de uma geração. Não é possível relembrar as décadas de 1970 e 1980 sem vir à mente atrizes voluptuosas, de olhos grandes, lábios carnudos, curvas de violão e decotes generosos dessas comédias que ele soube representar com seu talento único. Mais de duas centenas de cartazes dessas produções saíram de sua prancheta.
O cinema, no entanto, não foi a única faceta desse versátil mestre das artes gráficas que alguns consideram o maior ilustrador brasileiro de todos os tempos e aquele que desenha mulheres sensuais e elegantes como nenhum outro. Seu nome faz parte da história da publicidade brasileira com um destaque ainda não mensurado. Ele passou pelas mais importantes agências do país – McCann Erickson, Denison e Artplan, entre outras - e ilustrou marcas fortes como Coca-Cola, Esso, Banco do Brasil e Rock in Rio.
Coube a Benício dar cara também a um outro formato de comunicação popular, os livros de bolso, descartáveis, vendidos em bancas de jornal. Para a mítica editora Monterrey, onde estreou em 1963, fez mais de duas mil capas - boa parte da heroína Brigitte Montfort, a espiã americana que teve cerca de 1,5 mil volumes publicados em quatro décadas e se tornou um fenômeno único no mercado editorial brasileiro.
Pois o discreto e talentoso Benício acaba de ser merecidamente biografado no livro "Benício - Um perfil do mestre das pin-ups e dos cartazes de cinema", escrito pelo jornalista Gonçalo Júnior, editado pela Coleção Via Brasil.
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