terça-feira, 20 de julho de 2021

um verme passeia na lua cheia...*


 *Verso final de Flores astrais, do poeta e jornalista português João Apolinário, publicado no livro Primavera de estrelas, 1961.

Assim como vários outros, o poema foi musicado pelo seu filho João Ricardo, que integrou o já legendário grupo Secos & Molhados, de importância marcante na história da música brasileira. A canção está no primeiro e antológico disco, de 1974.
Apolinário foi um dos mais combativos intelectuais na luta contra o fascismo em sua terra natal, durante a ditadura salazarista, que assolou o chão português de 1932 a 1968, e teve, infelizmente, continuidade com o governo de outro fascista, Marcelo Caetano, até 1974.
O poeta foi perseguido, preso e torturado. Em 1963 exilou-se no Brasil e no ano seguinte caiu noutra ditadura, e aqui novamente perseguido pela policia política do regime, vigiado em seu trabalho de jornalista e crítico teatral. Apolinário voltou a Portugal somente depois da Revolução dos Cravos, vitorioso movimento popular que pôs fim a 42 anos de ditadura, e lá ficou até falecer em 1988.
O verso que aqui uso como título cabe muito bem quando se relembra hoje os 52 anos do pouso da Apollo 11 na Lua, embora tenha sido escrito oito anos antes. Premonitório.

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